Entre as diversas considerações que foram levantadas ao se pensar na proposta de requalificação do entorno do Lago Joaquina, duas delas foram um consenso que acabou por nortear as demais decisões de projeto. A primeira estava ligada à percepção de perímetros delimitados por cercamentos em diversos pontos do parque. Essa constatação levou ao princípio de que a proposta deveria potencializar ao máximo os locais de ingresso de pessoas para o interior do parque com o objetivo de ampliar a sensação de conexão. Dentro desse conceito surge uma primeira decisão, em que se considerou remover cercas e vegetações existentes em diversos pontos do parque no sentido de torná-lo mais convidativo e integrado. Além disso essa decisão possibilitaria a incorporação dos trajetos das pessoas, melhorando assim a conectividade com o entorno. A segunda consideração levantada estava relacionada à sensação da existência de uma divisão territorial, uma separação entre a área do perímetro do lago e a área relacionada com o Território Criativo. A solução para responder a essa sensação de segmentação seria a criação de um circuito peatonal interno que, ao mesmo tempo que atende ao programa, é visto como um elemento que dialoga com o conceito de conexão e integração que parece fazer tanto sentido para o parque. Para esse circuito de caminhada propõe-se que ele possa ainda acomodar núcleos de apropriação ao longo da pista de caminhada, unindo as ideias de percurso, de conectividade e da fruição do espaço público.
A partir dessa abordagem foram traçadas algumas diretrizes que levam em consideração as particularidades do programa a ser atendido aliadas ao entendimento de que a requalificação do parque deva ser promotora da vitalidade urbana local:
a) incrementar as possibilidades de ingresso de pessoas para o interior do parque eliminando cercamentos em locais de fácil acesso, como nas bordas do parque voltadas para as ruas F. G. Bier e Leopoldo Rosenfeld;
b) eliminar parcialmente o cercamento do perímetro do lago e criar espaços de contemplação e de lazer melhor relacionados com a água através de uma interface mais amigável e livre de barreiras;
c) criar espaços de fruição e apropriação ao longo do percurso peatonal, tornando o próprio trajeto uma intervenção significativa e estimulante para o convívio das pessoas;
d) priorizar a circulação dos pedestres em detrimento dos carros através de uma via com característica de “traffic calming” e localizar os estacionamentos muito próximos do local de acesso;
e) utilizar a infraestrutura existente no parque nas intervenções de requalificação, principalmente no que diz respeito às edificações, evitando mudanças de locais no sentido de se promover a economicidade da proposta;
f) procurar ter uma boa interpretação das características da cidade ao propor materiais e revestimentos no sentido de dialogar bem com a cultura local e gerar senso de pertencimento;
g) tirar partido da vegetação existente, com o acréscimo de algumas espécies arbóreas para sombreamento; com a criação de canteiros de espécies arbustivas para organizar percursos e delimitar espaços e ampliar áreas gramadas para lazer e relaxamento ao ar livre.

REORDENAR OS VALORES PAISAGÍSTICOS E CULTURAIS DO LAGO A requalificação do Lago Joaquina Rita Bier é um exercício de organizar uma nova centralidade para a comunidade local. Organizar um parque com atributos contemporâneos que atenda também a vocação turística do município de Gramado. Para torná-lo convidativo, atendendo e melhorando a relação com os atuais usuários e priorizando a paisagem existente, propomos a criação de eixos específicos que dialogarão com seu público-alvo. Paralelo a rua Leopoldo Rosenfeld - Eixo Bairro Planalto- centralizando novas atividades e interesses da comunidade local e propiciando novas relações com o Lago Joaquina Rita Bier. Tendo a ilha como referência- Eixo Cultura e Lazer- unifica atividades de interesse cultural e lazer amarrando o parque no sentido sudoeste- nordeste. Requalifica e cria novos usos aos espaços públicos com incentivo às práticas sociais e culturais. Com intuito de facilitar a circulação entre os eixos, uma transversal de eventos e passagem é desenhada, valorizando a circulação entre os públicos e otimizando circulações no sentido rua Reinaldo Bertolucci e Avenida Borges de Medeiros. Uma matriz de flores, forrações e arbustos compõem a paleta vegetal utilizada, referenciando as interfaces culturais e ambientais, seja da relação local com seus imigrantes, seja da conexão entre os biomas Mata Atlântica e Pampas. Espécies arbóreas nativas e próprias para arborização urbana complementam a paleta e dialogam com a vegetação nativa preservada. Os desenhos de pisos e pavimentação dos eixos foram utilizados como estratégia para ordenar fluxos e organizar espaços, priorizando a permeabilidade do solo, a utilização de materiais de fácil obtenção e a acessibilidade universal. Assim, propomos reordenar a utilização dos espaços públicos existentes integrando os elementos de valor paisagístico e cultural atribuindo qualidade e novas conexões.

Parte-se do pressuposto de que o parque em torno do Lago Joaquina Rita Bier, em sua configuração atual, atende bem a diversas atividades de fruição cotidiana e excepcional. Todavia, carece de coesão e legibilidade. É muito feliz que estejam congregadas atividades de lazer, descanso, educação, esporte, trabalho e festividades em um mesmo equipamento público e de livre acesso; as arquiteturas e trato paisagístico existentes, no entanto, marcam essa diversidade de forma recortada e pouco harmoniosa, em uma sobreposição de tempos e usos subaproveitada pela morfologia dispersa dos espaços livres e elementos de divisão e conexão. A presente proposta busca - através de adições arquitetônicas pontuais, remoções criteriosas e requalificação sistêmica da paisagem - conferir unidade ao todo, caracterizando um parque coerente em sua diversidade.
A principal adição proposta determina um novo eixo orientador da paisagem e da circulação, demarcando o sentido longitudinal do parque e conectando os dois lotes originais - ‘Lago’ e ‘Hotel’. A divisa entre eles é reforçada na mureta de contenção do desnível que a acompanha; a assertividade torna possível uma transição pontual, evidente e convidativa, entre as duas zonas do parque, agora claramente separadas e unidas. Na amplitude do lago, em seu recinto rebaixado e de visuais desobstruídas, irrompe detrás das árvores a longa pérgola em disposição linear, sinalizando um caminho a perseguir, mas também desmentindo pretensões utilitárias - pouco afeitas a um parque - ao terminar abruptamente sobre a água.
Da mesma forma, a intervenção sobre o desnível entre a avenida Borges de Medeiros e a esplanada principal do parque se utiliza da linearidade austera para marcar a paisagem. É proposto um extenso muro de gabiões para a contenção do talude existente e alargamento da calçada - que tem toda sua extensão convertida em mirante, com espaço para contemplação da vista e implantação de mobiliário. O parapeito é incorporado ao gabião, descartando os guarda-corpos que remetem a um ‘cercamento’ do parque. Com desenho de monumentalidade simples e geométrica, o muro fortalece - por contraste - a leitura da topografia e a sinuosidade da linha d’água. São escondidas e reveladas as escadarias de acesso e o programa ‘interno’ ao muro, com sanitários, casa de máquinas e cafeteria. Uma pequena marquise é suficiente para abrigar mesas e cadeiras e proteger o acesso aos sanitários, sem pretender protagonismo ou obstrução da esplanada, onde deve ser preservada a possibilidade de montagem de grandes estruturas temporárias.
Em torno do lago, um perímetro externo interpreta de forma geométrica as linhas gerais da orla existente para determinar as pistas de corrida - em piso esportivo de borracha reciclada - e caminhada - em piso de concreto. No interstício entre o passeio e a linha d’água, resulta uma faixa variável de aproximação ao lago: ora estreita, com plantio, ora em bolsões de estar, mobiliados - sempre com piso de pedriscos sobre terra batida, como um leito maior. Julgou-se pertinente a retirada dos guarda-corpos para uma relação imediata com o corpo d’água: sentar à beira do lago é um prazer que não se pode negar aos visitantes.

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos. [...]*
Acreditamos em uma sociedade coletiva, plural e inclusiva. Portanto, uma de nossas premissas de projeto tratou da supressão de qualquer barreira que pudesse limitar de algum modo o acesso para o interior do parque. Sejam barreiras explícitas, como as grades, bem como as barreiras que as diferenças de alturas de níveis ocasionam. Nosso projeto pretende um parque não excludente, acessível por todos os lados e por todas as pessoas.

[...] que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo, [...]
Sendo livre para as pessoas (retiramos os automóveis do interior do parque), identificamos os eixos (fios de sol?) a partir dessa premissa. Ao organizá-los, fazê-los cruzarem-se, evidenciaram-se as conexões, os nós, que se transformaram em espaços essenciais dessa teia, a saber: os dois grandes decks. O deck junto a avenida Borges converte-se em rampas e escadas com arquibancadas/bancos que permitem o acesso direto do passeio com interior do parque. O deck central, por sua vez, amarra o novo anfiteatro, a secretaria de cultura e o atelier aos percursos tecidos. O edifício do café/exposições é protagonista nessa amarração e se coloca como parte (pórtico) do eixo (fio) que literalmente o cruza em direção a ilha do lago.

[...] para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos. [...]
É também premissa de nosso projeto a volta da natureza ao parque. Serão removidos todos pavimentos (devem ser reaproveitados pela prefeitura) e a vegetação nativa deve tomar conta (se vá tecendo), a natureza como presença urbana. Serão especificadas espécies da região que melhor se adaptam ao clima de Gramado.

[...] se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos [...]
O parque deve possibilitar a vida em coletivo, a troca. Nesse sentido, os dois grandes decks cumprem a função do encontro, e podem ser destinados a eventos com público. Para tanto, serão neles projetadas esperas para fixação de cabos que servirão para instalação de coberturas tencionadas, (tendas) efêmeras. Estas coberturas permitem diversos tipos de leiautes que se adaptam aos eventos que ali podem acontecer: feiras, shows, palestras e tantos outros modos de troca coletiva que possam surgir.

[...] A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
Ao fim, percebe-se a ideia de um conjunto: uma teia de percursos e suas amarrações, que planam (livres?) sobre a vegetação livrando a microfauna. As passarelas, quando junto ao lago, ora se elevam e ora quase tocam a água, conectando os diferentes níveis das principais ruas de acesso ao parque. A partir delas, os usuários experimentam uma espécie de caminho (aéreo) sobre a água e fruem de outras visuais com novas maneiras de se perceber e se aproximar do lago Joaquina Rita Bier, bem como de toda natureza do exuberante espaço público que o circunda: luz balão.

*NETO, João Cabral de Melo. Tecendo a Manhã. 1966.

A proposta de requalificação possuí como partido Arquitetônico o contraste entre o contemporâneo e o tradicional, demarcando as formas exuberantes das edificações tradicionais existente no local e deixando em evidencia a Arquitetura Industrial em estruturas metálicas, destacando sempre o Tradicional com o Contemporâneo
Acessibilidade foi a principal ferramenta de concepção do projeto, sendo elaborado duas grandes rampas imponentes de acesso pela avenida Borges de Medeiros. A partir do desenvolvimento das rampas de acesso foi elaborado um traçado orgânico seguindo com a referência o traçado da via de veículos existente, formato do lago e as curvas de níveis com o objetivo de trazer ritmo e unidade a proposta, fazendo com que os usuários descubram vários espaços ao decorrer do trajeto.
A estrutura de rampas (prancha 04/05) foi criada na avenida Borges de Medeiros junto com uma área de mirante proporcionando um alargamento do passeio publico e o integrando com o espaço. Essa estrutura se projeta para dentro do terreno criando uma área coberta no nível do lago podendo ser utilizada como área para eventos ou de convívio entre os usuários.
Ainda no nível da avenida Borges de Medeiros foi proposto um pórtico principal e imponente para a demarcação do acesso com vista principal do lago. O pórtico foi elaborado em estrutura metálica com fechamento em chapas metálicas com escadas de acesso ao nível do lago e acesso ao mirante.
O mirante se encontra a nível +3,50 em relação a rua de acesso em cima do pórtico principal, possui área de permanência para fotos e contemplação do espaço, ainda seguindo o a torre de escada possui um outro mirante mais alto para um pequeno grupo de pessoa com nível de +7,00 em relação a rua, podendo ser observado em detalhes na prancha 04/05.
Os conceitos abordados na concepção do traçado foi direcionar o olhar do observador através de dois eixos principais sendo a área do mirante e rampas da avenida borges de Medeiros e o desenvolvimento de um portal com uma linha de piso demarcada na esquina da rua Leopoldo Rosenfeld com a Rua R.F.G. Bier contrastando com a malha geométrica circular dos demais caminhos.
Outro Aspecto importante é sustentabilidade, abordada na forma de não gerar entulho de construção civil desnecessária, foi proposto a reforma da área do Ateliê (Prancha 03/05) e a criação de uma fachada ventilada em estrutura metálica, revitalizando toda o espaço mantendo a qualidade de ventilações cruzadas existentes e criando uma plasticidade totalmente nova para o local. Ainda neste aspecto, foram utilizados painéis solares na estrutura dos telhados e a utilização de materiais com reciclagem de Treta Pak, chapas de alta resistência que foram utilizadas nas estruturas como deck, portais, placas e lixeiras.

O Projeto de requalificação do entorno do lago foi conceituado para reforçar mais uma vez a homenagem feita as mulheres que detém o nome do local: Joaquina Rita Bier e Silvia Zorzanello.
Desta forma buscamos inspirações nas flores, que traduzem a feminilidade e delicadeza das mulheres, mais especificadamente as hortênsias, que são muito presentes na região, e que como mostram as fotos antigas do local eram cultivadas no entorno do lago, mas que hoje já não se encontram no paisagismo atual.
Então utilizamos a Flor e folhas da Hortência como base para todo o projeto, trazendo sua leveza ao traçado e também aos canteiros floridos para trazer vida, alegria e cor para o entorno do lago, tornando ele um espaço convidativo, de descanso e contemplação.
As hortênsias são flores de 4 pétalas que formam cachos e que variam de coloração conforme o Ph da terra. É uma planta nativa do Japão mas que adaptou muito bem na região sul, e é notável a presença dessas flores tão especiais em toda a cidade de gramado.
Temos o traçado da flor de 4 pétalas bem definidos em dois acesos: o acesso principal pelo pórtico da Praca Silvia Zorzanello e o Acesso AA, em ambos acessos, após passar por suas pétalas os caminhos feitos na sequencia representam suas ramificações e convidam os usuários a conhecer e explorar a praça e o entorno do lago.
Como hoje seu uso principal está voltado a presença de moradores locais, foram criados vários espaços de permanência com bancos e locais de descanso, tornando o espaço convidativo também para os turistas permanecerem, comtemplarem e usufruírem de um dos locais mais antigos e cheio de história de Gramado.

PARQUE LAGO JOAQUINA
- Percursos da paisagem -

A cidade de Gramado é repleta de riquezas e cobertura vegetal, assim como a área de intervenção: Lago Joaquina. No entorno, encontra-se o Antigo Parque Hotel, que juntos integram o inventário de patrimônio histórico e cultural mais antigo da cidade. O diagnóstico urbano enfatiza a importância de preservar as conexões urbanas, promover o uso misto e facilitar o acesso aos bens patrimoniais. O plano inclui acesso pela continuidade das vias coletoras, ciclovias conectando pontos estratégicos e corredores verdes que promovam a caminhabilidade urbana

Como processo de constituição do tecido urbano e dos espaços públicos, reconhecemos importantes características da cidade que conduziram ao traçado de três percursos essenciais e um ponto de ligação urbana entre bairro/centro. Esses percursos apesar de articularem programas diferenciados apresentam pontos de entrelaçamento, não perdendo o senso de unidade.

Conexão Urbana: para a av. Borges de Medeiros insere-se uma passarela que perpassa o Lago, articulando a rua Horácio Cardoso e por extensão um dos principais eixos da cidade com a Av. das Hortênsias. Além disso, a integração da passarela à paisagem destaca o elemento cênico da ilha, ressaltando sua vocação turística.

Percurso Contemplativo: Percorrendo as bordas do lago, dando continuidade pela Leopoldo Rosenfeld e posteriormente pelos jardins, o percurso estabelece ligação entre os elementos estruturadores do espaço aberto: Patrimônio Histórico, Lago e Praça Zorzanello. Inclui-se uma ponte secundária na parte estreita do parque, oferecendo aproximação à água e diversificando a experiência do caminhante.

Percurso Dinâmico: o uso desportivo se manifesta através de uma pista de trote que margeia o Lago e conecta as áreas estratégicas destinadas aos equipamentos de ginástica. Essas áreas estão localizadas em lados opostos, incentivando o uso da pista para apreciação ao redor do lago.

Percurso Institucional: configura a integração entre jardins, complexo Vila Joaquina, Atelier, Brizoleta, Arquivo Municipal e conduz à Secretaria da Cultura, proporcionando acesso ao Lago. Da mesma forma que ocorre nos demais trajetos, são delineadas áreas de interesse, proporcionando zonas amplas de acesso aos edifícios mais relevantes, bem como espaços de permanência.

Aproveitando que a interface da Av. Borges de Medeiros possui um desnível significativo, propõe-se um mirante generoso. A cota inferior abriga o edifício de apoio como sanitários, café e administração, com o intuito de ativar o limite entre o Atelier e o acesso ao parque pela conexão urbana. São projetadas arquibancadas que tiram proveito do desnível existente e permitem a congregação de pessoas proporcionando assistência neste espaço central.

A proposta paisagística visa revalorizar espécies vegetais típicas do ecossistema Gramadense, com atrativos frutíferos, aromáticos, aquáticos e a fauna local. Propõe-se uma paisagem regenerativa, multifuncional e de fácil manutenção, composta por forrações baixas, arbustivas e arbóreas. Sugere-se a recuperação das margens do lago por meio de uma transição natural, plantio de espécies nativas integradas ao ecossistema contribuindo para o aumento da biodiversidade e da avifauna. Sugere-se a retirada do gradil. Essa ação possibilitará a recuperação das margens por meio de uma transição natural, com plantio de espécies nativas integradas ao local.

A proposta para o Lago Joaquina Rita Bier está ancorada em QUATRO PREMISSAS BÁSICAS, as quais nortearam nossas decisões projetuais:

_ a primeira está relacionada à ideia de preservação e manutenção das característica de ocupação do lugar ao longo de sua história, neste sentido foram mantidos as principais conexões com o entorno imediato, bem como a tradicional ocupação e uso dos espaços.
| surge assim uma ideia de continuidade, de transformação gradativa.

_ a segunda, relacionada à ideia de que a área do parque deve considerar a integração com sua avenida e ruas e adjacentes, estabelecendo assim uma imagem única e integradora.
| surge assim um redesenho das vias adjacentes.

_ a terceira está associada ao desejo de se estabelecer uma nova densidade “verde" para a área do Lago com intuito de transmitir uma imagem mais “natural”, a qual, segundo nosso critério de juízo, hoje está mais associada a presença do Lago e menos à vegetação.
| surgem assim mais árvores, mais gramados.

_ a quarta, está associada à ideia de se consolidar uma "Escala Gregária”, portanto, à necessidade de se conceber um lugar capaz de criar uma estimulante condição de permanência humana, estabelecendo assim uma relação intrínseca entre as pessoas e o meio ambiente.
| surgem assim novos Usos programáticos, novos elementos arquitetônicos.


Obviamente estas premissas estão associadas a outras questões de igual relevância, entre as quais poderíamos destacar o anseio de se qualificar e renovar o espaço urbano, outorgando-lhe um novo significado. Um fato muito particular e que pode contribuir para uma ativação das atividades sociais do Bairro Planalto está associado à recente mudança de Uso promovida pelo Plano Diretor [2022]. Com base nesta normativa legal adotamos algumas lojas na borda do Lago, na cota inferior junto à avenida Borges de Medeiros. Estes novos usos, dotados de uma forte capacidade de alterar a densidade flutuante do lugar, seriam responsáveis pela transformação da dinâmica do lugar.

A ideia de Sustentabilidade, a qual permeia toda a proposta aqui apresentada, deve ser entendida dentro uma visão holística. Tal conceito, além das convencionais preocupações relativas às questões técnicas associadas a sistemas construtivos e materialidade, deve também ser entendido a partir de questões sociais e comportamentais. Que o Lago Joaquina se transforme num lugar democrático, ameno e convidativo. Que se transforme num lugar onde as pessoas sintam prazer de “estar". A partir desta consideração imaginamos que o “parque” pode ser mais que um espaço de contemplação, que o mesmo pode também ser um lugar para o desenvolvimento de atividades cotidianas.

Pressupõe-se que o Lago Joaquina estabeleça uma nova relação com o entorno imediato, principalmente junto à av. Borges de Medeiros e rua Leopoldo Rosenfeld. A materialização desta intenção fez surgir duas “alamedas” junto às vias mencionadas. Estas alamedas, parcialmente protegidas por uma pérgula, cumprem a função de criar a “Escala Gregária” mencionada anteriormente. Surge assim um novo lugar de contemplação, uma novo lugar de lazer, um novo lugar de Estar.

Entendemos que problema de requalificação do Parque Lago Joaquina Rita Bier estrutura-se a partir da integração harmoniosa entre a natureza e as necessidades da comunidade. O projeto apresentado visa congregar as expectativas relacionadas à criação de espaços ao ar livre organizados cenicamente a partir de visuais estratégicas à solução pertinente para toda a infraestrutura destinada ao conforto dos usuários.
Para fins de concepção e desenvolvimento do projeto se adotaram algumas premissas norteadoras: o emprego de vegetação nativa; preservação e valorização histórica; permeabilidade urbana; e qualidade da paisagem.
Os acessos e percursos propostos organizam o direcionamento dos fluxos dentro do ambiente paisagístico e se configuram como elementos-chave para além da experiência do passeio experimentado, sendo fundamental também na organização da ocupação dos usos no espaço, integrando o usuário e os equipamentos harmoniosamente com o meio natural.
Ao que corresponde às massas vegetais, se configuram 3 biomas no intuito de responder aos fatores próprios do sítio específico de implementação destas novas espécies, agrupadas entre si com o intuito de reforçar estes distintos caráteres das diferentes paisagens viabilizadas pela própria flora nativa: a Flora Campestre; a Flora Tropical e o Jardins das Flores .
Arquitetonicamente o parque abriga edificações de valor histórico e social importante para a cidade de Gramado, como o antigo Parque Hotel, atual Secretaria Municipal da Cultura, a antiga Brizoleta, o atelier, e os dez Chalés. No projeto está prevista a adição de duas principais novas estruturas construídas. A mais proeminente é um mirante de 39 metros de altura, proposto como o único ponto onde se consegue visualizar a cidade do alto e também o Vale do Quilombo a leste no mesmo panorama. Nesse espaço, a segunda edificação projetada acolhe o Café do Lago. A construção se dá anexa à edificação que acomoda o Atelier, arrematando uma empena cega e se relacionando francamente com a orla da lagoa, alocada confortavelmente na sombra das árvores características daquele trecho do parque. Todas as árvores são mantidas, a arquitetura oportunamente irradia a partir da edificação do atelier por entre as árvores revelando uma planta baixa compacta, mas com visuais dramaticamente acentuadas em diversas direções.
Tendo em vista pesquisas a respeito da importância da permeabilidade visual e de francos acessos ao parque, se promoveu a remoção do cercamento, onde existente, garantindo uma relação mais estreita entre os passeios e a área de intervenção. O projeto de requalificação do Parque Lago Joaquina Rita Bier vai além da viabilização pragmática dos usos consolidados, oferecendo espaços e equipamentos distintos com mobiliários urbanos autorais que convidam ao seu uso para diversas situações cotidianas. Por fim, entendemos estas qualidades como importantes para que a requalificação dessa paisagem se consolide e faça parte da cidade.

Os espaços abertos de uso público, não são delimitados por suas fronteiras, e sim por sua percepção visual, por isso propomos a permeabilidade visual e sensorial da praça.
Remover os obstáculos é necessário!
Interagir com o espaço é fazer parte dele!
As pessoas podem tomar conta do espaço urbano de maneira saudável, segura, limpa e harmônica. Todos os estímulos sensoriais podem ser usados, desde o visual, o tátil, os sons, a temperatura, e os aromas (todos sem barreiras), assim podemos deixar transparecer as reais dimensões do ambiente natural, trazendo as experiências cognitivas para flor da pele (não apenas recordações em redes virtuais), buscando o essencial para as lembranças do homem de que o espaço e tempo estão ali, de forma única, prazerosas, harmônica e natural.
A proposta é auxiliar na compreensão do espaço através do visual, sem cercas e sem muros. Melhorar a incorporação do espaço pelo cotidiano urbano.
O ser humano tem a tomada de decisão de expor-se, de usar o espaço, de ver e ser visto, ao sentir a segurança e perceber a beleza do ambiente ao tempo que suas outras habilidades sensoriais se tornam aguçadas e equilibradas (tempo de desfrutar).
Muros e grades:
Barreiras intimidam as pessoas ao uso dos ambientes. Hoje os lugares “instagramáveis” deixam claro que não é apropriação do espaço e do tempo pelo SER que se quer, mas sim o registro da imagem.
O uso adequado do espaço e do tempo, dedicando a eles a qualidade sensorial, proporcionarão a lembrança futura, dessa forma temos a obrigação de trazer o SER para USAR o espaço com seus sentidos. Cognição! A linha da cognição e a linha do espaço e tempo se entrelaçam como trança de todos os sentidos. Assim surge o BEM ESTAR, o PRAZER, o desfrute e a tranquilidade, bons momentos e recordações. A foto, a memória, a história, o fato a marca e quem sabe um legado.
Para sermos protagonistas de nossas vidas, precisamos deixar fluir nossa existência, sem barreiras e de forma segura.
Usar as arquibancadas como momento de reflexão, de imersão sensorial em um show, um descanso após a corrida, um ambiente de bate-papo, namoro, descontração é apenas convidar o público a apropriar-se do ambiente. Participar do cotidiano.
Andar sobre a ponte, ir na Ilha, buscar nova experiência sensorial próxima do chafariz, o encanto das luzes e a dança das águas.... ser visto e fazer parte da paisagem... trazer a ALEGRIA do SER para o URBANO. Deixar o espaço para uso de todos!

REVITALIZAÇÃO PARQUE JOAQUINA RITA BIER

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO
PROJETO DE ARQUITETURA DA PAISAGEM

RESPEITO ao contexto geográfico, histórico, natural e humano.

RESPONSABILIDADE em adotar soluções que procurem endereçar esses âmbitos de forma equilibrada e econômica.

AUTENTICIDADE da arquitetura proposta, de forma a retratar o momento histórico atual, isenta de modismos fúteis ou falsos.

MODÉSTIA em entender que a arquitetura é fugaz perante a Natureza, cujos processos tendem a uma impermanência eterna.

Nosso projeto do parque procura intervir de forma mínima na topografia existente, desenvolvendo as potencialidades e vocações naturais que o sítio, sua topografia e vegetação permitem. Imaginamos também um parque dedicado aos moradores da cidade, uma vez que, para o turista, Gramado já apresenta inúmeras outras atrações.

Portanto, as soluções de projeto utilizadas procuram não “disneylandizar” o local, buscando, pelo contrário, a regeneração naturalística de um parque como um refúgio natural em meio a um entorno urbano extremamente artificializado e manejado antropicamente.

Optamos por um paisagismo regenerativo, que parte de um traçado de caminhos e recantos baseado na topografia existente, que será muito pouco alterada (exceto no talude de ligação criado junto à Rua Borges de Medeiros, que busca mitigar o efeito de elevação do leito da Borges, inexistente quando da criação do Lago). Tais caminhos e percursos permitem, ainda, conexões peatonais otimizadas (encurtando trajetos), para que moradores do bairro e ciclistas sejam estimulados a cruzarem o mesmo, em seus percursos quotidianos, fomentando o uso e apropriação do local (o que melhora a segurança dos usuários).

Tal paisagismo regenerativo também procura utilizar arranjos vegetais com aspecto visual naturalístico, evitando conjuntos vegetais artificialmente podados, aparados e organizados. Entendemos que tal abordagem é a mais sustentável ambiental e economicamente, porque poupa recursos (naturais e de mão-de-obra) e evita uma manutenção dispendiosa realizada com recursos da comunidade.

Uma abordagem regenerativa também passa pela possibilidade de acolher as diversas formas do existir humano, sendo o projeto de arquitetura da paisagem universalmente acessível e inclusivo, permitindo que pessoas com diferentes experiências de vida (origem sócio-econômica, deficiências físicas, idades) apropriem-se do local, possibilitando o desfrute da natureza e suas experiências,bem como de eventos comunitários e culturais não-invasivos (feira do Livro, artesanato, festival de bonecos, etc.), que permitam a fruição contínua e harmoniosa de diferentes usuários.

Entendemos, por fim, que um parque que tem sua razão de ser e o próprio nome a partir de um corpo d’água de tamanho significativo, o processo geral de Revitalização [revigorar; trazer vida de volta, v.t] tem que considerar como uma meta alcançável a revitalização da água do Lago em si, despoluindo-a e trazendo de volta vida natural ao mesmo, tornando o lago passível de ser populado por peixes, patos, gansos (fotos históricas demonstram que já conviveram ali) e algumas espécies vegetais não proliferantes, nem predatórias, promovendo um arranjo de espécies que estabeleça uma harmonia auto-reguladora.

[ O PARQUE URBANO E A CIDADE ]
O urbanismo contemporâneo mantém expectativas sempre muito elevadas sobre os parques urbanos localizados nas regiões centrais e periféricas das cidades e, de sobremaneira, é o posicionamento mais esperado quando há uma passividade e uma omissão em relação às soluções urbanas mais abrangentes.
Quando a palavra “abrangente” é utilizada, significa essencialmente o uso de uma abordagem multidisciplinar na busca de um efetivo resultado na requalificação de um parque ou na criação dele. Significa que não bastam apenas novas geometrias, novas composições de materiais, novos tratamentos visuais, novos usos, novas funções e mobiliários urbanos atuais, trata-se sim de um entendimento amplo e profundo do Lugar onde o parque está inserido.
O Concurso Público Nacional de Arquitetura da Paisagem para Requalificação do Entorno do Lago Joaquina Rita Bier é o momento perfeito para que a proposta coloque em prática o entendimento do Lugar, da Cultura Local, dos Habitantes de Gramado e da força turística como principais ferramentas de intervenção urbana.
Trata-se essencialmente de um exercício urbano bidirecional - da cidade para o parque e do parque para a cidade – na busca pela essência do Lugar, fomentando uma total sinergia urbana tendo o cidadão como amálgama entre ambos. Caso contrário, recairemos nos mesmos erros de outrora, quando parques e praças não passavam de “ilhas urbanas” relegadas ao abandono, à marginalização e ao esquecimento mesmo que vultuosos investimentos fossem aplicados.
[ AS INTERFACES URBANAS ENTRE PARQUE E BAIRRO ]
As interfaces urbanas simbolizam as relações entre o parque, o bairro, suas funções e seus usos institucionais, públicos e privados, atuando como elementos conectores fundamentais à ressignificação da vitalidade urbana naquele Lugar.
Possuindo usos diversificados - institucionais, hoteleiros, serviços, lazer, turístico e residencial – o bairro caracteriza a própria cidade em transformação, tendo a revitalização do Parque Joaquina Rita Bier como grande impulsionador à permanência, à contemplação, à prática desportiva, à educação e ao lazer aos moradores e visitantes de Gramado.
A eliminação de todas as “fronteiras segregadoras” – os gradis e cercas – é o primeiro passo ao sentimento de fruição na relação bairro-parque e no claro fortalecimento e definição das três interfaces urbanas.
O segundo passo é propor a criação de calçadas cuja morfologia orgânica induza o transeunte à uma aproximação física e sensorial com o parque em si, aguçando assim os seus sentidos e o seu interesse pelo espaço urbano.
O terceiro passo é propor o fechamento da Rua Leopoldo Rosenfeld aos finais de semana, gerando assim um conceito de urbanidade dinâmica e flexível capaz de estabelecer uma fusão entre bairro e parque expandindo-o às testadas dos imóveis existentes naquela via.
[ SUSTENTABILIDADE, MOBILIDADE, INCLUSÃO, PLURALIDADE E CIDADANIA ]
A sustentabilidade, a mobilidade, a inclusão, a pluralidade e a cidadania são premissas básicas à revitalização deste parque urbano que leva em consideração os usos e funções em harmonia, a preservação dos espaços verdes e a consequente geração de benefícios ambientais, sociais, urbanos, econômicos, saúde e culturais aos cidadãos gramadenses.

Espaços de especial interesse nas cidades precisam ter planejamento que confiram a eles o status de marco urbano, para que eles possam cumprir plenamente seu papel na cidade. Acreditamos, ainda mais, que este marco passa a ser muito mais útil na medida em que ele abriga a escala humana e que possa proporcionar experiências agradáveis e diferenciadas. Assim surgiu a ideia: a criação de uma passarela, no nível da avenida Borges de Medeiros que adentra o parque, repousa gentilmente sobre a ilha do lago e é finalizada com um pórtico vazado. Essa estrutura representa um marco urbanístico, emoldura a paisagem, promove sombreamento (abrigando o café) e é um artifício de captação de água de chuva para reuso. Sua cor (e dos guarda corpos propostos) aludem à floração típica das cidades turísticas e reforçam o caráter marcante desse elemento. De cada lado dessa estrutura, idealizamos arquibancadas que estabelecem uma conexão direta com a esplanada de eventos culturais diversos ao ar livre e servem de assento para os eventos tradicionais celebrados no Parque. Sob elas, locamos
um conjunto de sanitários e fraldário, um conjunto de cada lado.

Reforçando a integração com a cidade, decidimos eliminar os cercamentos, reforçar a arborização urbana no entorno e adentrando o parque e reestruturar a rede de caminhos para estabelecer toda a amarração. Eliminando as barreiras que as duas matrículas hoje apresentam, esse percurso, proposto em largura mínima de 3 m, ora entra na calçada, ora está suspensa sobre o lago, criando assim experiências únicas e especiais. No trecho que ladeia a Rua Leopoldo Rosenfeld locamos a academia ao ar livre, composta por conjunto único e multifuncional de peças em inox.

Integrando as edificações, configuramos na região do edifício da Secretaria e Cabanas uma esplanada que nominamos de Território Criativo e Cultural, com piso contínuo de pedra portuguesa branca e preta e paginação inspirada em desenhos étnicos, remetendo à cultura dos povos originários e à herança africana. Este piso integra inclusive a Arquibancada e Sanitários do Anfiteatro coberto, mantidos conforme projeto fornecido. O desnível atual, entre a entrada da Secretaria e o passeio do lago, será vencido por meio de uma elegante arquibancada gramada. O acesso ao local (pela Rua Leopoldo Roselfeld) fica exclusivo para pedestres e propomos relocação da construção Brizoleta em área próxima e conectada a esse novo piso, sendo o estacionamento e o bicicletário locados ao lado do Arquivo, com acesso pela Rua F. G. Bier.

Para o Atelier propomos a sua preservação, entendendo ser uma edificação que já dialoga com as construções existentes e não propomos intervenção na infraestrutura do chafariz.

Propormos dois pórticos novos em substituição aos antigos, sendo um para a entrada do Território Criativo e Cultural e outro para o acesso de automóveis pela Rua F. G. Bier. O pórtico da esquina será retirado.

A praça Silvia Zorzanello será reconfigurada para abrigar dois playgrounds para crianças de faixas etárias diferentes e redesenhamos os pisos na esquina de forma a criar um canteiro circular, cujo centro abrigará a Estátua Kikitóide.

O PARQUE LAGO JOAQUINA E A REINVENÇÃO DA PAISAGEM

Um pouco da história da Paisagem | Contextualização do Conceito e Partido

Mesmo idealizado no século XX, não há como, ao analisar o Lago Parque Joaquina, não pensar nos primeiros Passeios Públicos do país. O primeiro espaço público tratado do país foi construído no Rio de Janeiro durante os anos de 1779 a 1783. As características clássicas presentes em seu desenho predominam durante toda a primeira parte do século XIX, tanto na concepção do jardim privado, como na dos espaços públicos.

Alguns espaços, entre eles os Jardins Botânicos do Rio de Janeiro e de São Paulo (atualmente Jardim da Luz) e os Passeios Públicos em diversas cidades, são ajardinados e parcelados em canteiros geometrizados que se utilizam de simetrias e traçados ortogonais, onde se valoriza sempre pontos focais como marco, seja ele fonte, escultura ou coreto. Essas características e virtudes que estão presentes também no Parque Lago Joaquina nos orientou no sentido de uma intervenção significativa, mas ao mesmo tempo precisa e unificadora.

Um Parque Lago aberto ao uso, aos estímulos e aos acontecimentos

Consideramos essencial para constituir um lugar a configuração de seu espaço, devendo possuir uma delimitação clara, limites precisos. É necessário saber quando se está dentro e quando se está fora. Os limites de um espaço urbano não são barreiras, são artifícios de projeto utilizados a favor da hierarquia e qualificação da paisagem urbana. Propomos um Parque-Lago aberto ao uso, aos estímulos e aos acontecimentos cotidianos.
[1] Hierarquizar percursos: Os espaços públicos precisam constantemente ser alimentandos pelos fluxos e deslocamentos das pessoas. É isso que mantém os espaços urbanos vivos e ativos. O Novo Parque Lago Joaquina, precisa de uma revisão dos seus percursos e vias, uma pequena complementação, mas principalmente uma hierarquização estruturadora que permita dar sentido ao deslocamento e qualifique as inter-relações dos Setores e suas atividades. A complementação de um eixo parcialmente existente permite constituir uma espinha dorsal que dá um sentido e caráter ao Parque e permite um novo relacionamento principalmente com o Lago e sua ilha, com o restante do Parque.

[2] Articular espaços: o Parque apresenta hoje uma desarticulação entre suas partes. A hierarquização das vias internas e perimetrais permitirá não somente a clareza e fluidez, mas a conectabilidade entre os distintos programas e acontecimentos. Sem perder a autonomia, propomos uma diversidade espacial adequada para cada programa de atividades, oferecendo um percurso com acessibilidade universal por toda a extensão do Parque Lago e fortalecendo e estas novas estratégias.

[3] Qualificar eventos: não se trata somente de oferecer equipamentos novos e adequados, significa pensar em um Parque que possa receber atividades e eventos que não necessariamente possamos imaginar agora. Passa por criar uma matriz de espaços públicos que se desenvolva em comunhão com a comunidade a qual foi pensada.

O OLHAR SOBRE A NATUREZA, A CULTURA, A CIDADE.
A natureza e a cultura estabelecem uma sincronia perfeita que consolidam a origem do lugar para o morador e ou visitante.
O olhar abrangente da paisagem fica acentuada pelo lançamento de uma esplanada às margens da Av. das Hortênsias que se debruça sobre a paisagem do conjunto.
A cultura, por sua vez, se apresenta nas edificações preservadas e no novo traçado paisagístico com referência ao pintor holandês MONDRIAN. O traçado ortogonal e as cores que caracterizam a sua arte foram viabilizadas nas cabanas da Vila Joaquina.
A articulação e a integração das áreas que compõem a proposta tornam a paisagem do local rica e harmoniosa, contribuindo com o lazer da população.
Foi atribuída maior relevância ao acesso localizado na Av. das Hortênsias. A partir desse local definimos os demais acessos de forma hierarquizada e com elementos visuais importantes como totens e outros elementos de sinalização.
Junto à avenida, criamos a ESPLANADA: um novo espaço concebido para ser um local de convivência, lazer, socialização e, em especial, de contemplação com o olhar para a paisagem. Sob a Esplanada encontra-se o espaço de maior permanência do usuário, com o café, exposições, espaços de estar/apoio e o petit palco para performances que interagem com natureza do local.
Outros ambientes foram criados como o caminho dos vagalumes, o jardim dos xaxins, o jardim dos sentidos, a alameda dos plátanos e os espaços de estar.
A praça Silvia Zorzanello foi valorizada pelo jardim dos pássaros. A recreação infantil e a área de ginastica foram integradas à área da cultura.
A área da cultura - com suas edificações preservadas - foi desenvolvida a partir das referencias do pintor holandês Mondrian. As cabanas serão pintadas com as cores referenciadas em sua pintura e valorizadas por espécies vegetais. Também foram tratados de forma semelhante o Atelier com seu anexo e o arquivo público. O anfiteatro e a Secretária da Cultura foram anexados ao projeto com um todo.
Foram criados percursos para pedestres, veículos e bicicletas com pisos específicos.
Introduzimos espécies vegetais, como araucária, plátanos etc. com a finalidade de renovação das espécies do local e a valorização da paisagem.
A ilha, o lago e o chafariz são elementos extremamente importantes para a paisagem pela dominância visual. A ilha será tratada como um ponto de encontro centralizado.
Os bancos foram concebidos de acordo com os espaços propostos.
A iluminação será através de postes de 5 metros de altura, iluminação led e refletores pontuais para destacar os cenários propostos.
A acessibilidade aplicada ao local dá importância a todos os usuários.
Concluímos que esta proposta de requalificação do Lago Joaquina Bier irá resgatar o olhar sobre a natureza e a cultura da cidade, além de revigorar o sentimento de pertencimento ao local.

A estrutura original do Parque do Lago Joaquina Rita Bier é simples, porém robusta e bem organizada, o que incentivou a proposta a concentrar-se na otimização dos usos atuais dos espaços existentes. O deck original, um dos primeiros elementos visíveis ao chegar ao lago pela Av. Borges de Medeiros, foi expandido em direção ao espaço de eventos, enquanto três novos decks foram criados ao redor, proporcionando novas perspectivas da paisagem e áreas de contemplação. Um desses decks também serve como acesso à ilha e ao mirante sobre água. O deck divide a ilha em duas áreas distintas: uma destinada ao descanso na grama e tomar um chimarrão, e outra com um vistoso canteiro de capins e flores.

A área do espaço de eventos foi ajustada para incorporar novos canteiros, ganhando também um aumento de espaço com a extensão do piso intertravado existente. Os banheiros foram mantidos em sua localização original, sendo ampliados para melhor atender às necessidades do público e suas fachadas reformadas para se alinharem à proposta. Mobiliários de descanso e lazer, como balanços e namoradeiras, foram estrategicamente instalados ao redor do lago, promovendo uma estadia mais prolongada e confortável para os visitantes.

Visando minimizar o impacto ambiental, a vegetação do parque foi suprimida apenas nas áreas indicadas pelo concurso. O paisagismo incorporou uma variedade de espécies nativas e naturalizadas, criando uma atmosfera esteticamente agradável e ecologicamente saudável. Canteiros entremeiam os caminhos, margens do parque e do lago, assim como dentro do bosque, onde diversas flores e folhas formam aglomerados de texturas, cores e sensações a serem apreciadas pelos transeuntes. Árvores frutíferas repovoam o bosque, favorecendo a recuperação de micro-habitats para a fauna silvestre, e a escolha das espécies garante uma experiência única ao longo das diferentes estações do ano.

No intuito de promover atividades físicas, uma pista de cooper conecta toda a área do parque, compreendendo dois circuitos interligados: um acompanhando os caminhos ao redor do lago e outro integrando esse perímetro à Praça Sílvia Zorzanello e atravessando o bosque. A praça foi remodelada para oferecer novas atividades de lazer para todas as faixas etárias da comunidade, incluindo dois espaços de academia ao ar livre para adultos e idosos, um half de skate e um parque naturalizado para os mais jovens. Este último é um espaço versátil construído com materiais locais, destinado ao contato com a natureza e percursos que podem ser moldados pelos próprios usuários.

Os chalés, a Secretaria de Cultura, o ateliê e demais espaços na área de intervenção recebem tratamento paisagístico que que harmoniza com a proposta do parque. Por fim, um café foi inserido entre as árvores do bosque, proporcionando uma vista privilegiada para o lago, além de uma galeria para exibição pública da produção artística do atelier.

PROPOSTA LAGO JOAQUINA RITA BIER – RESUMO



Projeto Urbanístico e Arquitetônico para o Concurso Joaquina Rita Bier em Gramado-RS: Uma Análise Integrativa.

A proposta apresentada para o Concurso Joaquina Rita Bier em Gramado-RS visa à integração consciente de elementos tradicionais e contemporâneos. As decisões de projeto buscam uma intervenção de forma pontual e singela, entendendo que a partir das potencialidades existentes no entorno do Lago, é possível um diálogo mais potente entre a memória do território e as novas possibilidades para a demanda contemporânea de uso. O passeio urbano, as áreas verdes como lazer e os equipamentos culturais e históricos, são circundados pela paisagem urbana da região do Planalto e que servem de diretriz.

O projeto adota uma abordagem de intervenções específicas que se integram harmoniosamente com as estruturas preexistentes evitando disrupções abruptas. Essa metodologia reflete uma compreensão da arquitetura como uma narrativa contínua, alinhada à perspectiva de Bernard Tschumi sobre a arquitetura como um evento em evolução, buscando criar espaços que transcendam a funcionalidade pura e a racionalidade. As estruturas pontuais não são apenas físicas, mas experiências dinâmicas que redefinem a relação entre o usuário e o ambiente. Essa abordagem reflete a busca por uma arquitetura que vá além do estático, tornando-se uma manifestação efêmera e mutável ao longo do tempo.


Proximidade Sensorial com o Ambiente: Estratégias de Engajamento Contemporâneas.

A aplicação de técnicas de paisagismo e desenho de piso nos percursos tem o propósito de criar espaços que promovam uma conexão sensorial mais profunda entre o pedestre e as margens do lago. Esse enfoque reconhece a importância da experiência tátil e emocional na arquitetura, indo além da apreciação visual. O redesenho das margens do lago incorpora cuidadosamente a iluminação pública como um componente arquitetônico essencial. O projeto busca criar uma atmosfera que revela camadas anteriormente subestimadas da paisagem, transformando o espaço em uma tela luminosa.
As intervenções não apenas aprimoram a estética do entorno, como na nova Praça Silvia Zorzanello, mas também enriquecem a experiência do visitante ao enfatizar visualmente pré-existências (Brizoleta; Cabanas; Secreteria de Cultura; Atelier), proporcionando um ambiente mais convidativo e acolhedor. O cuidado meticuloso com a escolha das espécies e o design paisagístico refletem a identidade única de Gramado, e o comprometimento em promover espaços públicos que conectam harmoniosamente a natureza e a comunidade local. Considerando a notoriedade de Gramado por suas condições climáticas, como frio, neblina e, ocasionalmente, neve, as áreas de permanência descobertas que permitem a exposição ao sol são valorizadas. Nesse sentido, o projeto incorpora novas áreas gramadas ao redor do lago, equipadas com bancos de concreto, arbustos ornamentais e iluminação adequada para uso noturno.

Ao integrar elementos naturais e arquitetônicos de forma equilibrada, a área ao redor do Lago Joaquina Rita Bier se transforma em um cenário para atividades recreativas, encontros sociais, eventos e momentos de contemplação. Essa valorização do espaço público não apenas preserva a identidade local, mas também contribui para consolidar Gramado como um destino que une tradição, beleza e inovação em suas intervenções urbanas.

O projeto do Parque Joaquina Rita Bier é uma iniciativa inovadora que visa transformar esse espaço em um ícone de integração social e sustentabilidade em Gramado. Inspirado pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o projeto abrange uma variedade de estratégias para aprimorar a conectividade urbana e social na cidade. Alinhado ao ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), o projeto propõe a criação de espaços inclusivos e acessíveis, eliminando barreiras físicas e sociais. Dentre as estratégias de integração social a proposta inclui a promoção de eventos culturais, atividades comunitárias e a valorização de artistas locais que já contribuem para a riqueza cultural do parque.
O coração do projeto é a introdução de uma passarela inovadora que cruza o parque, conectando a movimentada Avenida Borges de Medeiros aos bairros locais representados pela Rua Leopoldo Rosenfeld. Essa importante passarela não apenas facilita a mobilidade, mas também simboliza a união entre a atmosfera turística e a vida cotidiana dos moradores, superando as barreiras naturais da geografia do terreno.
O eixo proposto para implantação da passarela é constituído por uma diagonal que cruza o parque, passando sobre o lago e proporcionando diferentes perspectivas. Este eixo constitui-se como o principal eixo estruturador do projeto, que se une a uma malha cuidadosamente planejada, seguindo linhas que replicam o padrão geométrico das ruas nos bairros adjacentes. Neste sentido, a passarela não é apenas um ponto de acesso eficiente, mas uma costura urbana que transcende barreiras geográficas, simbolizando a união harmoniosa entre diferentes atmosferas.
A hierarquia viária interna otimiza a circulação no parque, conectando pontos chave, como o largo na Av. Borges de Medeiros, o lago, a passarela, os espaços culturais e artísticos, a ilha e o playground. Essa estrutura guia o fluxo interno do parque, e ainda conta uma história de conectividade, inclusão e harmonia no tecido urbano da cidade de Gramado.
O playground é um diferencial marcante, dividido em quatro áreas temáticas que homenageiam os povos originários, as colônias históricas adquiridas por Joaquina Rita Bier, a cidade de Gramado e a ruralidade. Essa proposta visa estimular a criatividade das crianças e promover a educação e valorização da herança local.
Os equipamentos urbanos propostos contemplam bebedouros, lixeiras, bancos, áreas de descanso, mesas de piquenique e totens informativos, integrados de forma harmônica para oferecer conforto e funcionalidade aos visitantes. Elementos de sustentabilidade são incorporados, desde a escolha de materiais mais sustentáveis até sistemas eficientes de gestão de resíduos e iluminação de baixo consumo energético.
O projeto busca transformar o Parque Joaquina Rita Bier em um local vibrante e consciente, e posicionar Gramado como uma referência em desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. A iniciativa visa atrair visitantes interessados na experiência única proporcionada pelo parque, tornando-o um modelo exemplar de integração social, cultural e ambiental.

O presente projeto vem com um olhar aglutinador, que pretende além de valorizar as características da área de intervenção, somar diversidade de usos, formas de ocupação dos espaços e dinamismo da paisagem.
As intervenções consistem na requalificação urbanística dos acessos e calçadas voltadas para a Avenida Borges de Medeiros, com a criação de espaços de permanência e acessos intermediários à partir de arquibancadas propostas com o aproveitamento do desnível existente entre a rua e o Parque; Criação de deck em formato orgânico com espaços de permanência e remanejamento dos acessos pela Rua Leopoldo Rosenfeld, de forma a fortalecer os eixos de acesso e uso dos espaços à partir da área residencial do bairro; Criação de caminhos pavimentados para caminhada e de ciclofaixa de caráter recreativo, conectada à malha urbana existente; Conexão dos espaços recreativos e verdes aos bens culturais e educativos presentes na área de intervenção; Inclusão de estrutura flutuante portadora de concha acústica e equipamentos de sonorização que propiciem a realização de eventos de diversos tipos a céu aberto com a utilização das arquibancadas propostas; Implantação de novos mobiliários urbanos propositalmente distintos dos utilizados comumente nos espaços públicos da cidade mas que se harmonizam e se complementam;
As intervenções propostas estimulam a integração dos espaços públicos e o fortalecimento das conexões, que pretendem propiciar um recorte urbano mais vivo, permeável e pedonal. As conexões e estímulos aos eventos, e melhor acesso aos bens culturais e educacionais proporcionam a apropriação de espaços outrora ociosos e potencializam o caráter turístico e plural do território, que deverá atender de forma eficaz e agradável a todos os seus utilizadores.

O Projeto de requalificação do entorno do Lago Joaquina Rita Bier busca valorizar o uso do espaço público pela comunidade gramadense, de maneira integrada ao tecido urbano do bairro Planalto, às demandas comunitárias e à valorização da paisagem e da memória da cidade.

Sua localização, próxima ao acesso de Gramado, configura o parque como um elemento de recepção à cidade turística pela Av. Borges de Medeiros, ao passo que adentra a malha urbana do bairro Planalto e fornece potencial pólo de apoio às atividades culturais e de socialização dos moradores. O Parque Lago Joaquina Rita Bier representa, portanto, a possibilidade de integração dinâmica entre a apropriação espontânea da comunidade e a efêmera permanência dos turistas.

O projeto conecta o bairro à avenida a partir de um conjunto de arquibancadas e rampas que suavizam o desnível e promovem conexões entre o eixo noroeste e sudoeste. Além disso, a ampliação da calçada e implantação do Mirante na Rua Leopoldo Rosenfeld convidam o pedestre a adentrar o parque e desfrutar de uma vista privilegiada da cidade e do conjunto de edificações presentes no recorte de intervenção. O segundo eixo potencializa as conexões internas de leste a oeste, integrando a praça Silvia Zorzanello, o conjunto de edificações e o lago, por meio da realocação da ponte.

A linguagem contemporânea do traçado demarca seu tempo, dialoga com as edificações existentes e cria espaços de uso coletivo para manifestações artísticas, culturais e de lazer. O paisagismo complementa a configuração dos espaços, com a adoção de espécies nativas, tanto para as árvores como para as forrações, valorizando o potencial paisagístico da flora local.

As decisões projetuais para o Parque Lago Joaquina buscam a flexibilidade, integração e diversidades de usos, permitindo que o parque continue integrando o circuito turístico, mas que proporcione, sobretudo, a experiência de espaços adequados para as atividades de socialização da comunidade local.

O Parque Joaquina Rita Bier é uma proposta de valorização paisagística - natural e cultural-, de integração identitária e de convite à permanência humana. Busca-se, prioritariamente, garantir a apreciação e enaltecimento de todas as qualidades da área de intervenção: suas curvas, seus contextos, seus equipamentos, sua natureza, sua comunidade. Desta forma, a partir de uma macroestrutura de desenho que transborda para as menores escalas, este projeto amarra todo o complexo enquanto oferece não só legibilidade de percurso e identitária mas também oportunidades para que “ o viver o parque “ seja um convite à experiências significativas na esfera urbana. O parque Joaquina Rita Bier oferece à comunidade programas abrangentes, eficientes e bem distribuídos com uma estrutura de qualidade em diversos âmbitos: um ganho para o municípo em relação à ocupação sustentável do espaço público.

O Lago Joaquina, localizado no Bairro Planalto, é caracterizado por sua delimitação topográfica, com a colina da Igreja do Relógio ao norte e o desnível dos bairros Ipe Amarelo e Lago Negro ao sul. No sentido leste-oeste, está conectado às avenidas Borges de Medeiros e das Hortênsias, principais eixos da cidade. A conexão do bairro com o centro de Gramado é feita por essas duas avenidas.
A área de intervenção está situada no setor leste, com uma área de 3,19 hectares, constituída por dois núcleos: o Território Criativo Vila Joaquina, conjunto de edificações com atividades administrativas e culturais, e o entorno do Lago, área de lazer e permanência. Os acessos são pelas ruas F. G. Bier e Leopoldo Rosenfeld, com um caráter mais local, e pela Av. Borges de Medeiros, onde existe um desnível de aproximadamente 4m. Com base nisso, nossa proposta busca proporcionar o máximo de permeabilidade em seu perímetro com as vias e a maior continuidade de fluxos internos.
No núcleo do Território Criativo, o estacionamento e a localização do playground seriam deslocados internamente, criando uma interface vegetal no entorno da calçada. O playground seria colocado de forma mais centralizada e o estacionamento ao longo da via de circulação veicular.
O núcleo do entorno do Lago tem como objetivo diminuir o impacto do limite vertical de 4m no lado da Borges de Medeiros, ampliando a calçada e criando uma arquibancada direcionada à ilha, pensando na possibilidade de transformá-la em um palco para eventos. O espaço livre entre o lago e a arquibancada proposta mantém a possibilidade da implantação de atividades efêmeras, como exposições ou feiras. No perímetro do lago, a proposta tem como objetivo qualificar o circuito de caminhada, gerando uma sequência de áreas vegetadas intercaladas com espaços de permanência e contemplação.
As edificações de apoio, cafeteria e banheiros, foram localizadas entre os dois núcleos, vinculadas ao Atelier, deixando na parte posterior os banheiros vinculados ao acesso do Atelier, e a cafeteria como um corpo envidraçado direcionado para as vistas do lago. Por último, o bicicletário foi colocado em um dos acessos da rua Leopoldo Rosenfeld, onde propomos a implantação de uma ciclovia que se integra ao sistema cicloviário proposto pelo plano de mobilidade.

Um ponto geográfico ENTRE A PLANÍCIE E A SERRA, passou de um local de parada de tropeiros a uma das mais simbólicas cidades do Rio Grande do Sul. Gramado é uma referência turística internacional, com rico retrospecto histórico e cultural manifestado em sua paisagem. A Lagoa da Joaquina, com suas edificações tombadas e seu entorno verdejado, são referências na história da cidade.

O edital apresentava um desafio, propor uma mudança que a inscrevesse no futuro. A estratégia de desenvolvimento do projeto se inicia com uma leitura aprofundada da paisagem desse território que revelou muito de seus aspectos estruturantes, geográficos, físicos, biológicos, históricos, ambientais, sociais e culturais. A proposta de intervenção pressupôs a reorganização de caminhos, espaços, ambientes, áreas de recreação e contemplação, bem como a criação de novo marco na paisagem da Joaquina.

Propõe-se a criação de uma passarela alteada que une conjunto arquitetônico ao “Farol” na ilha do lago. Esse dispositivo, força vertical e elegante, que cria a oportunidade de visualizar o parque e a cidade sob nova perspectiva, dialoga com o novo plano de vegetação de matriz endêmica que equilibra o conjunto, reestabelecendo alturas e os limites verdes do parque. A passarela acessível é também uma oportunidade de estar entre as copas de árvores e assistir aos eventos que ocorrem no parque, como filmes no cinema exibidos pelo Farol, ou os pedalinhos no lago.

Edificações de apoio e de uso específico se conectam a novo percurso que se projeta junto ao lago, este, a par de propiciar o contato com a água através de decks, tem desempenho infra estrutural verde, associado às SBNs Soluções Baseadas na Natureza, tratando a poluição através de jardins de fitoremediação, conservando as águas da chuva e prevenindo inundações.

Os parquinhos infantis são lúdicos, com brinquedos criados a partir de animais da fauna local. O café se abre para a vista do lago, em meio às arvores do jardim e do Atelier, enquanto o mobiliário e a sinalização buscam inserir a identidade regional em um contexto mundial, de dia ou de noite, quando a iluminação promove o iluminar das copas das araucárias, a torre e as edificações de forma especial.

Com vocação original de ser palco de muitas atividades, a Praça principal é ampliada pelo conjunto de ações que se estabelece no entorno. A nova disposição proposta engendra um princípio de recriação do caráter do lugar, recuperando a unidade original fundamentada na relação entre as edificações, a vegetação, o lago e a cidade. Ao mesmo tempo, insere o parque como portal e articulador de um sistema de espaços livres da cidade de Gramado compartilhando sinergias na criação de programas e roteiros de passeio, saúde, cultura e lazer.

A ressignificação da Lagoa da Joaquina pode promover uma nova perspectiva de uso de qualidade do espaço público, diversificado, abrangente e de grande beleza cênica.

o concurso para o parque lago joaquina é uma oportunidade para pensarmos o futuro de gramado e ensaiar um novo posicionamento frente à construção da cidade.

neste sentido, propomos um espaço autêntico, sinal de nosso tempo, conectado com a cidade e com a natureza: um parque que só poderia estar neste lugar.

como premissa fundamental da proposta, a condição e vocação da área como parque definiu a estratégia de recuperar a proximidade com a água, ressaltando a sua centralidade, através da inserção de um círculo de grande potência visual. o desenho geométrico intervém de forma marcante e ao mesmo tempo sensível ao lugar propondo uma promenade sobre o lago, novas visuais e conexões com a ilha, com a água e com o chafariz.

a proposta representa um símbolo de reconstrução de uma paisagem, singela e marcante, a proposta imagina uma intervenção contundente no sentido de que a partir de agora este lugar é verde - a vegetação e a arquitetura relevam-se nestes tons.

potente, o projeto reivindica o caráter de espaço público, um lugar concebido, projetado e representado a partir do reconhecimento e resgate de diferentes tempos, um cenário contemporâneo que se soma ao permanente processo de construção da cidade, sua história e sua identidade.

um novo parque, um novo símbolo para gramado.

O projeto para o Parque Joaquina Rita Bier, localizado em Gramado, Rio Grande do Sul, Brasil,
apresenta uma abordagem inovadora que visa aprimorar a integração do parque com o seu
entorno, respeitando as condições climáticas e topografia da região.
O ponto central da proposta é a elevação do parque para o mesmo nível da Avenida Borges de
Medeiros, através da criação de um piso no nível ao longo da avenida. Essa modificação não
apenas conecta o parque de maneira mais efetiva à avenida, mas também redefine o espaço,
tornando-o acessível e funcional. A integração desses elementos cria um ambiente convidativo
para residentes e turistas, transformando o Parque Joaquina Rita Bier em um polo cultural e
recreativo enraizado na identidade local.
O novo nível não é apenas uma plataforma elevada, mas também abriga um espaço coberto
multifuncional. Esse espaço inclui um café, proporcionando um ambiente acolhedor para os
visitantes; um atelier para expressão artística e exposições; e instalações sanitárias novas,
otimizando a experiência dos frequentadores. Essa combinação de funcionalidades maximiza a
utilização do espaço e adiciona camadas de vivacidade e diversidade ao parque.
A materialidade do projeto foi escolhida refletindo a sustentabilidade e a estética local.
Caminhos em concreto proporcionam durabilidade e estabilidade, enquanto decks em madeira
de reflorestamento oferecem uma textura natural e sustentável. A pista de caminhada utiliza
piso drenante à base de borracha natural, promovendo conforto e preservação ambiental. O
mobiliário urbano, incluindo totens de informações, bancos, espreguiçadeiras, lixeiras e
paraciclos, é integrado de forma a atender às necessidades práticas e enriquecer a experiência
dos visitantes.
A vegetação desempenha um papel fundamental na proposta, com a escolha de árvores, plantas
médias, plantas de forração e flores nativas da região. A preservação da maioria da vegetação
existente, com especial atenção às araucárias, é uma prioridade, adicionando uma camada de
autenticidade à paisagem. A introdução da hortênsia, flor símbolo da cidade de Gramado,
contribui para uma paleta vibrante e conexão cultural.
Além disso, a Brizoleta, será revitalizada para abrigar um centro de informações turísticas e
espaço para reuniões de pequenos grupos. Essa adaptação busca preservar a história do edifício
enquanto o integra de maneira prática e funcional à vida contemporânea da comunidade.
A proposta preserva os acessos originais ao parque, com uma reorganização estratégica para
aprimorar a circulação. A entrada de veículos é concentrada na Rua F.G. Bier, com a criação de
uma guarita para controle. O acesso pela Avenida Borges de Medeiros é ampliado através do
platô, enquanto os demais acessos são melhorados pelo paisagismo, mantendo a acessibilidade
e enriquecendo a experiência de entrada.
Em resumo, o projeto para o Parque Joaquina Rita Bier é uma combinação de design,
preservação ambiental, e integração cultural. Ao elevar o parque, criar um espaço coberto
multifuncional, escolher materiais sustentáveis, valorizar a vegetação nativa, e adaptar
edificações existentes, a proposta não apenas transforma o parque em um espaço funcional e
esteticamente agradável, mas também o posiciona como um elo entre a comunidade e os
visitantes, celebrando a identidade única de Gramado.